O perfil do<br>Webjornalismo<br>no Piauí

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Orlando Maurício de
Carvalho Berti

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volume 1 ⁄ número 2 ⁄ dez 2020 ↘ Artigo

O perfil do Webjornalismo no Piauí

Orlando Maurício de Carvalho Berti

Resumo

Entre o que se diz jornalístico na Internet e o que realmente é feito de mediação informacional no estado do Piauí, Nordeste do Brasil, quais são as faces e interfaces desse jornalismo digital? Quem são seus produtores? Estão por que partes do estado, como atuam, o quê e como noticiam e como fazem? Esses são os questionamentos centrais deste trabalho, que visa perfilar o webjornalismo no Piauí. Por meio de levantamento inédito, procurou-se mapear o que é feito jornalisticamente na Internet dos 224 municípios do estado. Analisou-se, destacou-se, comparou-se e notou-se que o jornalismo dessa interface está cada vez mais regionalizado, abrangente, mas que a maioria dos meios ainda peca na qualidade das informações, principalmente porque, ao menos 80% delas, advém de fontes externas, vivenciando a prática do gillett press, famoso “copia e cola (Ctrl C + Ctrl V)”. Metodologicamente fez-se uma pesquisa de campo virtual, com levantamento de dados disponibilizados em mecanismos de busca e sistematizados por meio de comparativo informático. Teve-se como balizamento teórico estudos sobre Jornalismo, jornalismo na Internet e webjornalismo propriamente dito, com reflexões jornalísticas contemporâneas não só para o escopo de estudo, mas também para parte da produção jornalística dos ditos “novos tempos” e “novos normais” informacionais.

1.Introdução

Chegava a reta final das eleições estaduais para o Governo do Estado do Piauí em 2002. Neste início de século, em um dos três estados mais pobres da federação, um Davi político lutava contra um Golias colossal. O primeiro era o então deputado federal Wellington Dias (PT). Ele disputava as eleições para governador do Piauí com o ex-ministro (da Educação e Cultura), ex-senador, ex-governador e então detentor do comando do Executivo piauiense, Hugo Napoleão (PFL), este apoiado por praticamente todos os deputados estaduais, federais, senadores e 96% dos prefeitos do estado.

Wellington Dias fazia uma campanha modesta, quase sem recursos e com muito pouca divulgação. Apostava no corpo a corpo, no discurso da mudança e exclusão da oligarquia histórica do poder piauiense. Utilizava-se da Internet como plataforma midiática eleitoral.

Hugo Napoleão tinha forte alinhamento comunicacional com todas as emissoras de TV, com a totalidade dos jornais impressos e praticamente todas as rádios do estado. Tinha muito mais tempo na propaganda eleitoral gratuita eletrônica. Possuía uma logística, no mínimo, dez vezes maior que o concorrente, com direito a avião e helicóptero. Até 30 dias antes das eleições liderava absoluto em todas as pesquisas de opinião pública. Traziam que Hugo Napoleão seria novamente eleito com 60% dos votos, no mínimo, em primeiro turno.

Nesse 2002 o webjornalismo já dava seus primeiros passos no estado. Desde 1999, como destacam Berti e Silva (2020), o site Só Política (www.sopolitica.com) inaugurava a era de notícias locais e regionais no Piauí por meio da Internet. O site durou menos de um ano. Foi desativado por não se mostrar um modelo de negócio lucrativo. Mas deixou heranças e inspirações, principalmente na área da cobertura política e sua divulgação em meios alternativos à época.

A campanha eleitoral para governador do Piauí em 2002 foi amplamente coberta por dois sites emblemáticos no estado, o pioneiro em continuidade e implementação das primeiras tentativas verdadeiramente webjornalísticas, Portal AZ (www.portalaz.com.br), do jornalista Arimateia Azevedo, e o pioneiro em se expandir para o interior do estado, notadamente por ter uma estratégia de polêmicas, marketing agressivo e a principal de todas, regionalização, 180 Graus (www.180graus.com), do advogado e jornalista Hélder Eugênio. Os dois empresários advinham da mídia impressa e eram conhecedores dos meandros políticos e financeiros do fazer jornalismo no Piauí.

Tanto o 180 Graus quanto o Portal AZ fizeram, durante os cinco primeiros anos deste século, as mais ferrenhas disputas por audiência e as melhores coberturas jornalísticas na Internet do Piauí. Fizeram, e fariam muito mais, história naquele 2002.

Faltava menos de um mês para as eleições estaduais do primeiro turno de 2002. Em uma noite de início de setembro na capital do Piauí, homens foram flagrados arrancando material de campanha do candidato Wellington Dias. Poderia ser mais um caso de vandalismo, entre os tantos registrados naquela disputa eleitoral. Mas um detalhe chamava atenção: aqueles homens estavam na missão vândala em um veículo oficial. E quem eram eles? Membros da segurança pessoal do então governador e candidato a reeleição, Hugo Napoleão. Um escândalo digno de ser manchete e de estar nas chamadas de qualquer jornal impresso, programa radiofônico e nas emissoras de TV, mídias hegemônicas à época no Piauí.

O que ocorreu?

O silêncio midiático tradicional total. Na manhã, seguinte à madrugada da prisão dos vândalos/criminosos eleitorais feito pela Polícia Federal, somente um meio jornalístico do Piauí veiculou a história, o site 180 Graus. Deu desdobramentos e plenamente mostrou que vinha ocorrendo uma campanha eleitoral quase bélica, trazendo fatos negativos dos dois lados da disputa. A cobertura, um dia depois, foi acompanhada pelo Portal AZ. Ambos se tornaram os meios comunicacionais mais próximos da retratação das verdades políticas da época e deram o maior passo expansionista da história do webjornalismo do Piauí.

Aquele fato foi o início da migração massiva de um público que começava a acompanhar notícias pela Internet no estado. Já estavam conectados à Rede Mundial de Computadores, mas não a tinham como fonte de credibilidade. Os formadores de opinião da época, responsáveis por divulgar fatos, credibilizar acontecimentos, só creiam se determinada notícia fosse veiculada por jornais impressos, programas radiofônicos e televisivos. Mas o fato do vandalismo virou o jogo. E a cobertura tida como verdadeira era do webjornalismo a partir de então em boa parte do Piauí.

O restante da campanha eleitoral foi totalmente agendada pelos dois principais sites jornalísticos da época, inclusive as questões desfavoráveis ao Governo do Estado, controlador da mídia tradicional.

Wellington Dias, em uma das mais improváveis viradas da História da política brasileira, venceu a eleição no 1º Turno. Depois disso, o petista logrou êxito em outras três eleições para governador (2006, 2014 e 2018), sempre vencendo no 1º Turno.

O fato de 2002 gerou duas consequências comunicacionais para o Piauí no início de 2003: o webjornalismo sedimentava-se e o próprio Governo do Estado o elencou como plataforma principal de mídia. Ganhava-se público e financiamento, entre entes privados e, principalmente, públicos. Os sites jornalísticos de Teresina começaram a desfrutar de verbas polpudas, podendo ter maior estrutura, contratar mais equipes e sedimentar-se como os principais meios de comunicação de informações locais e regionais do Piauí. Ganhavam pela rapidez de trazer fotos, vídeos e textos ou tudo junto em uma mesma matéria. Conseguiam veicular dezenas de informações quase que em tempo real. Tinham espaço quase ilimitado para divulgar notícias, o que os suplantava frente aos espaços engessados das páginas dos jornais impressos e dos horários radiofônicos e televisivos.

Jornalistas já afamados na mídia tradicional do estado migraram para o online ou dividiram seu tempo entre as duas plataformas. Esse processo foi sedimentado na segunda década do século XXI com quase todos os medalhões tendo alguma participação no online.

Outro marco no webjornalismo do Piauí foram os polêmicos trabalhos de expansão do site 180 Graus. Já com amplo financiamento do Governo do Estado (garantido daquela época praticamente em todos os anos até a atualidade), o site se popularizou, assumiu a primeira colocação em acessos, apostou na fórmula histórica popularesca da mídia tradicional: sexo, sangue e polêmicas, gerando uma expansão emblemática rumo ao interior do Piauí.

O 180 Graus fez acordos com quase todas as prefeituras e câmaras municipais do território piauiense e promoveu a ascensão de correspondentes/colunistas que enviariam matérias desses lugares. A estratégia garantiu mais conteúdo ao site, inclusive sobre os concorrentes. O 180 Graus não teria mais a necessidade de enviar jornalistas para coberturas ao interior. Ao mesmo tempo, aumentou significativamente seus lucros por ter pessoas diretamente ligadas aos poderes públicos e empresas daquelas cidades. Esse estilo inspirou outros sites do estado a fazerem o mesmo. Essa prática ainda realizada em território piauiense. Nascia assim a vivência dos portais, como são conhecidos os sites jornalísticos do Piauí, graças ao nome capitaneado pelo Portal AZ e impulsionado pelo 180 Graus.

Parte daqueles colunistas/blogueiros/correspondentes começou a ter expertise de produção de conteúdo ao longo da primeira década deste século. A maioria vinha de experiências no rádio e das assessorias de comunicação; quase todos, à época, não tinham formação superior em Jornalismo. Contemporaneamente a maioria é graduada em alguma universidade, muitos em Comunicação Social, como destaca Berti (2020). Aqueles pioneiros do jornalismo da Internet no interior piauiense, anos depois, fundaram suas próprias empresas e seus sites locais. Ao menos metade dos atuais sites jornalísticos do interior do Piauí denota diretamente da interface expansionista do 180 Graus e de seus ex-funcionários que migraram para outros sites e montaram a mesma estratégia.

Mediante o exposto nesse breve histórico, partimos da experiência pessoal no webjornalismo no estado, na vivência inicial dessa prática no estado e também do testemunho ocular desses fatos, e apresentamos este trabalho, que é o perfil atual do webjornalismo no Piauí. Temos como recorte temporal de finalização do artigo científico o mês de maio do ano de 2020.

Parte-se da problemática de qual é o perfil e as faces e interfaces do atual webjornalismo em todo o território piauiense? Quem são seus produtores? Estão por que partes do estado, como atuam, o quê e como noticiam e como fazem?

Objetiva-se perfilar, entender, discutir e debater, por meio do perfil encontrado, essas faces e interfaces contemporâneas das práticas webjornalísticas feitas no Piauí.

Metodologicamente parte-se do Mapa de Potencialidades dos Territórios de Desenvolvimento do Piauí SEPLAN (2020) em construção com dados do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, do PNUD (2020). A metodologia será melhor explicitada e detalhada no primeiro capítulo do trabalho.

O artigo é dividido em quatro partes. A primeira, “Explicando a Metodologia”, de caráter metodológico, trata sobre como se chegou em termos de método, procedimentos e técnicas aos resultados. Na segunda parte, “Um debate necessário sobre webjornalismo e jornalismo na internet”, de caráter teórico, são feitos os debates conceituais balizadores do artigo, partindo de questões conceituais. A parte a seguir, “O webjornalismo e o jornalismo na Internet do Piauí: duas faces da mesma moeda informacional e regional”, que é de caráter empírico, traz todos os dados encontrados no pioneiro e atual levantamento sobre todos os sites que se consideram noticiosos sediados no território piauiense. A quarta e última parte, “Qual o perfil do webjornalismo do Piauí?”, de caráter analítico, são enfatizados as faces e interfaces desse webjornalismo e seu respectivo perfil contemporâneo, chegando-se à resposta da problemática e alcance dos objetivos.

2.Explicando a Metodologia

Como fazer um levantamento de um assunto tão múltiplo e dinâmico? Afinal, antes de partir metodologicamente para a concretização do trabalho em sua parte empírica, procuramos entender a diferenciação entre webjornalismo e jornalismo na Internet (como veremos no segundo capítulo). Era premente uma base teórica, já que a base histórica já era conhecida.

Entendida essas diferenciações, conceituações e historicizações, o passo seguinte foi chegar aos sites, escopo do pretendido perfil. Há poucos levantamentos que tentam explicar quais são as páginas da Internet, seus perfis e suas interfaces jornalísticas em território piauiense. Por si só já justifica a feitura deste trabalho.

Nossas práticas jornalísticas e acadêmicas mostram que todos esses levantamentos, apesar de nobres, não abrangem nem metade dos sites existentes na contemporaneidade. A maior parte está desatualizada, principalmente porque quase todos os meses surgem, ou deixam de existir, novos meios de comunicação online em território piauiense.

No estado o boom de sites jornalísticos na Internet é notório devido à credibilidade e fama que alguns ganharam, frente a imediaticidade do compartilhamento de notícias. Vários pautam e dão os rumos, cada vez mais, às emissoras de rádio e televisão.

Os jornais impressos em território piauiense restringiam-se apenas, até o segundo quarto do ano de 2020, a duas empresas: O Dia e Meio Norte, ambos com circulação de seis dias por semana e quase restritos à capital do estado, Teresina. Esses também altamente pautados pelo webjornalismo, inclusive tendo sites próprios: www.portalodia.com.br (do Grupo O Dia) e www.meionorte.com (do Sistema Meio Norte de Comunicação), respectivamente.

Como chegar aos sites e tentar fidedignizar suas quantidades, características e dados completos para o perfil? Como avalia-los e fazer essa listagem? Partiu-se, basicamente, para a mais atual e precisa divisão geográfica, a dos territórios de desenvolvimento, também com fidedigno reflexo das características comunicacionais de todas as regiões do estado.

O Piauí tem 12 territórios de desenvolvimento: Carnaubais; Chapada das Mangabeiras; Chapada Vale do Rio Itaim; Cocais; Entre Rios; Planície Litorânea; Serra da Capivara; Tabuleiros do Alto Parnaíba; Vale do Canindé; Vale do Guaribas; Vale do Sambito e Vale dos Rios Piauí e Itaueira. Esses territórios partem da classificação do Governo do Estado do Piauí a partir da Lei Complementar número 87, de 22 de agosto de 2007, que trata sobre o Planejamento Participativo Territorial para o Desenvolvimento Sustentável do Estado.

Foi esse o ponto de partida. Para isso entendeu-se os territórios, suas peculiaridades, os municípios que os compõem, trazendo também as áreas territoriais em quilômetros quadrados, além de sua porcentagem relacionada ao total do território do estado.

Foram realizados buscas diretas no mecanismo Google (2020) com a terminologia “notícias de … (com o nome da cidade)” chegando-se aos resultados encontrados. Essa pesquisa foi repetida 224 vezes trazendo todos os municípios do Piauí, sendo buscados manualmente, durante 01 de abril e 10 de maio de 2020, aproximadamente 25.000 sites para ter-se ao perfil pretendido. Quando chegava-se os resultados esperados, analisava-se os sites e os classificava entremeio à função jornalística, atualização, ser sediado no Piauí. Encontrou-se mais de 20 sites que trazem notícias de cidades piauienses, mas sediados na Bahia, no Distrito Federal, no Maranhão e em Tocantins. Esses sites foram excluídos da amostra.

Foram também excluídos os sites que trazem notícias mas não se consideram noticiosos em suas descrições ou que trazem apenas reprodução de materiais nacionais, mesmo sediados no Piauí. Pode-se ter deixado de lado sites que surgiram semanas antes da pesquisa empírica e ainda não estavam nos mecanismos de busca. Levou-se em conta também sites que trazem, no mínimo, 10% de informações locais e têm atualização de, ao menos, uma matéria por semana. Encontrou-se ao menos 8% a mais de sites do que o número final apresentado neste trabalho. Foram excluídos porque não tiveram atualização no ano de 2020 ou estavam fora do ar. Também foram deixados de lado da amostra os sites oficiais de prefeituras, câmaras de vereadores, ONGs, fundações e entidades religiosas das cidades, afinal seus objetivos principais são institucionais, não webjornalísticos.

Os resultados estão elencados no terceiro capítulo e analisados no quarto capítulo. Espera-se que possam ser base para trabalhos futuros, inclusive de atualização, releitura e fortalecimento conceitual. Antes disso entendamos a polêmica sobre porque os sites do recorte se consideram webjornalísticos, mesmo muitos não sendo em termos conceituais.

3.Um debate necessário sobre webjornalismo e jornalismo na internet

Para uma discussão mais aprofundada e que possa balizar a análise deste artigo foi necessário, em um primeiro momento, isolar e discutir os conceitos de webjornalismo e jornalismo na Internet. Ambos são prementes para mostrar suas diferenciações e pontos convergentes. Nota-se, e antecipa-se que, na prática cotidiana do socializar notícias por meio da Rede Mundial de Computadores, principalmente em uma realidade geográfica e regional como é a do Piauí, termina havendo uma confusão e uma leva para tudo o que é realizado em termos de notícias virtuais seja webjornalismo. Por isso a própria utilização do termo na nomenclatura do trabalho, no sentido de abranger os que empiricamente vivem o fenômeno. Defende-se que o mais importante seja o noticiar os fatos de maneira a media-los eticamente.

Os próprios comunicadores desses sites, mesmo os graduados em Jornalismo (aproximadamente metade dos que atuam nos mesmos), destacam que seus trabalhos sejam webjornalísticos (material analisado em outro artigo de nossa autoria), por tratar-se de jornalismo na própria Web (Internet).

Levamos em conta que o conceito de webjornalismo parte de uma transmutação de maior modernidade e linguagem em termos do que é socializado por meio da Internet.

Machado (2006) apontava que o webjornalismo se consolidou por conta da hipertextualidade e utilização de base de dados, podendo ajudar na multiplicação de notícias destacadas nesses sites. Canavilhas (2014) frisa que o webjornalismo tem sete características: hipertextualidade, instantaneidade, interatividade, memória, multimidialidade, personalização e ubiquidade, responsáveis pelo sucesso dessa modalidade de informação. É fato que contemporaneamente nem todas essas características são vivenciadas, dando os primeiros pontos a diferenciarmos webjornalismo e jornalismo na Internet.

Souza (2019) destaca que o webjornalismo modifica os processos de produção e difusão de conteúdos por adotar multiplataformas que possibilitam um alcance maior de públicos. Já Ferrari (2016) elenca as qualidades e perspectivas de uma maior interação social com bases nas próprias ferramentas contemporâneas do jornalismo e da Internet, elencando, principalmente, o poder da participação nesse tipo de modalidade de mediação de notícias. “Os portais de notícias locais/regionais foram mais valorizados no século XXI. O baixo custo de produção aliado à proximidade com os fatos fez brotar inúmeros sites e blogs voltados para as informações que afetam diretamente o cotidiano da população” (Souza, 2019).

Primo e Träsel (2006) já destacavam que a abertura de sites noticiosos, a construção participativa de notícias e seus debates levantavam novas questões não só ao webjornalismo, mas também exigia outros debates acerca do sistema produtivo e dos próprios ideais jornalísticos, em que o modelo horizontal da informação ganha tons mais importantes nesse processo comunicacional. Os autores complementam da importância do processo de participação do consumidor desse tipo de informação.

Passado praticamente uma década e meia vemos que esses processos são cada vez prementes, importantes e definem os próprios rumos de parte do que é socializado na Rede Mundial de Computadores em termos de notícias. Ano, após ano, sobre o que é postado e compartilhado em termos de notícias na Internet, o usuário tem papel mais premente.

Esse próprio pensamento é coadunado com Nunes (2016), ao destacar que os próprios produtos jornalísticos estão em constante diálogo com o contexto sociocultural de uma audiência em constante mutação. E, diga-se, cada vez mais mutante, necessitando dos produtores de informação, cada vez maior entendimento de quem consome, e como consome seus produtos, e de quais maneiras interage e compartilha esses conteúdos.

Já os conceitos de jornalismo na Internet estão a partir de material jornalístico transcrito ou retranscrito para a Rede Mundial de Computadores. Desde o início deste século que Mielniczuk (2003) já alertava para que uma categoria não exclui a outra, pois em cada lugar há um tipo de desenvolvimento informativo e que, muitas vezes, o próprio sentido da mensagem e suas maneiras, são mais importantes que uma série de ferramentas.

Santi (2009) destaca que o webjornalismo evoluiu e chegou ao ponto da utilização de bancos de dado, que, por conta das tecnologias da Internet, juntamente com linguagens de programação, passam a gerar páginas mais flexivas e informativas, praticamente sob demanda para os usuários. Enquanto Barbosa (2013) enfatiza que vive-se uma nova geração no sentido da utilização de dispositivos móveis de conexão webjornalística, necessitando também questões de novas linguagens com um diferenciais e emblemáticos círculos de inovação e produtos.

Em termos gerais a diferença entre webjornalismo e jornalismo na Internet é que ambos trabalham com a difusão de informações, sendo que o webjornalismo trabalha com mais recursos, inclusive os multimidiáticos e fortes interações modernas com as questões mobiles (de tablets e smartphones) e procura vivenciar mais as informações de maneira instantaneamente.

No contexto deste trabalho leva-se em conta os dois princípios teóricos e, nossa própria experiência de pesquisa com os profissionais de imprensa do Piauí, denotam que em ambos os casos, os mesmos consideram-se profissionais do webjornalismo, sendo que, entre um e outro, optamos por louvar que a boa informação seja socializada aos consumidores da informação, ponto-base do trabalho jornalístico em qualquer plataforma.

Por isso, partamos rumo os resultados empíricos e como encontramos os mais de 200 sites noticiosos e webjornalísticos do Piauí, no sentido de começarmos a entender esse perfil.

4.O webjornalismo e o jornalismo na Internet do Piauí: duas faces da mesma moeda informacional e regional

Como destacado anteriormente, optou-se pela divisão regional dos territórios de desenvolvimento do Piauí. Apresentamos agora informações dessas regiões e o que foi encontrado na pesquisa empírica sobre o webjornalismo e jornalismo na Internet do Piauí. Levou-se em conta o nome da cidade desses territórios, sem antes apresentar todas os municípios que o compõe, bem como o nome do site jornalístico e ainda seu endereço eletrônico. Até os que têm nome de blog, neste censo, são considerados sites.

Destaca-se a quantidade de sites e suas multiplicidades, ou não, frente ao número de municípios do território de desenvolvimento.

No capítulo posterior veremos como esses números importam em mostrar como é quase abissal a distribuição e ação desses sites em termos regionais no território piauiense e como se consolida o perfil.

O Território dos Carnaubais1 faz parte da macrorregião Meio Norte, com 20.231 quilômetros quadrados (7,8% do território piauiense), tendo forte influência dos municípios de Campo Maior e Castelo do Piauí. Dessas 16 cidades, 11 não têm nenhum meio de informação local na Internet. Encontramos nos Carnaubais os seguintes 14 meios que se consideram webjornalísticos:

[Tabela 1] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território dos Carnaubais no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Buriti dos Montes Portal Buriti http://www.portalburiti.com
Campo Maior Campo Maior em Foco http://www.campomaioremfoco.com.br/
Campo Maior De Olho https://www.portaldeolho.com.br/
Campo Maior Portal de Campo Maior https://portaldecampomaior.com.br/
Campo Maior Campo Maior na Net https://www.campomaiornanet.com/
Campo Maior Líder https://www.portallider.com/
Campo Maior Portal Fato http://www.portalfato.com.br/
Castelo do Piauí Castelo Agora https://www.casteloagora.com.br/
Castelo do Piauí Castelo em Foco http://www.casteloemfoco.com/
Castelo do Piauí Tribuna em Foco https://www.tribunaemfoco.com.br/
Juazeiro do Piauí Juazeiro Alerta https://www.juazeiroalerta.com.br/
São Miguel do Tapuio Samita http://www.portalsamita.com/
São Miguel do Tapuio São Miguel Agora http://www.saomiguelagora.com.br/
São Miguel do Tapuio Tapuio https://www.tapuionoticias.com/

O Território Chapada das Mangabeiras2 faz parte da macrorregião dos Cerrados, com 56.114 quilômetros quadrados (21,65% do território piauiense). É o território com as cidades mais longínquas da capital. Também é o maior em extensão territorial convergindo 24 municípios, tendo influência das cidades de Corrente e Bom Jesus. Encontramos dez sites que se consideram webjornalísticos, sediados em apenas cinco cidades. Outras 19 não têm nenhum meio local de socialização de notícias na Internet.

[Tabela 2]Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Chapada das Mangabeiras no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Bom Jesus B1 https://www.portalb1.com/
Bom Jesus Portal Gurgueia https://www.portalgurgueia.com.br/
Bom Jesus Ponto X https://portalpontox.com/
Bom Jesus Bom Jesus News https://www.portalbomjesusnews.com.br/
Corrente Corrente É Notícia http://correnteenoticia.com.br/
Corrente Portal Corrente https://portalcorrente.com.br/inicio
Corrente Repórter Alessandro Guerra https://www.reporteralessandroguerra.com/
Cristino Castro 100 Notícias https://100noticias.com.br/
Gilbués Portal Gilbués https://www.portalgilbues.com.br/
Monte Alegre do Piauí Clica 40 Graus https://clica40graus.com/

O território Chapada Vale do Rio Itaim3 faz parte da macrorregião Semiárido, com 12.472 quilômetros quadrados (4,81% do território piauiense). É composto por 16 municípios capitaneados pela cidade de Paulistana. Há uma paridade entre os que têm e os que não têm meios de comunicação online locais. Oito cidades têm e oito não têm. Encontramos neste território 15 sites, que se consideram webjornalísticos, apresentados a seguir:

[Tabela 3] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Vale do Rio Itaim no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Acauã Vale do Canindé http://www.valedocaninde.com/
Belém do Piauí Info Newss https://infonewss.com/
Belém do Piauí Portal Belém do Piauí http://portalbelemdopiaui.blogspot.com/
Jacobina do Piauí Cidades em Foco https://www.cidadesemfoco.com/
Jaicós Cidades na Net https://cidadesnanet.com
Jaicós Infoco Notícia http://infoconoticia.com.br/
Jaicós Noticiei https://portalnoticiei.com.br/
Jaicós PontoNet http://www.portalpontonet.com.br/
Jaicós Saiba Mais https://www.portalsaibamais.com.br/
Massapê do Piauí Diário Gazeta de Massapê https://www.diariogm.com.br/
Paulistana Farol de Notícias https://www.faroldenoticias.net/
Paulistana FN Notícias http://fabionascimentonoticias.blogspot.com/
Paulistana Site Evangelista https://blogdoevangelista.com.br/
Padre Marcos Piauí em Foco http://www.piauiemfoco.com.br/
Simões Simões On Line http://www.simoesonline.com.br/

Enquanto isso o Território dos Cocais é o que contém a maior pluralidade regional em termos de municípios capitaneadores: Barras, Esperantina, Luzilândia, Pedro II, Piripiri e Piracuruca. O Território dos Cocais4 está na macrorregião Meio Norte, conta com 17.825 quilômetros quadrados (6,88% do território piauiense). É um dos que têm o maior número de sites, 36 no total, distribuídos em oito cidades, graças àqueles polos regionais. Outras 14 não têm sites. Encontramos os seguintes meios de comunicação webjornalísticos locais:

[Tabela 4] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Cocais no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Barras A Grande Barras https://www.agrandebarras.com.br/
Barras Barras Virtual http://www.barrasvirtual.com.br/
Barras Longah http://longah.com/
Barras Visão Piauí https://www.visaopiaui.com.br/
Brasileira Brasileira City http://www.brasileiracity.com.br
Brasileira Portal Brasileira http://www.portalbrasileira.com.br/
Esperantina Diário do Longá https://diariodolonga.com/
Esperantina Dus Cocais http://duscocais.com.br/
Esperantina Jornal ESP http://jornalesp.com/
Esperantina Revista AZ https://revistaaz.com.br/
Esperantina Rio Longá http://www.portalriolonga.com/
Luzilândia Clica Luzilândia https://www.clicaluzilandia.com.br
Luzilândia Jornal Luzilândia http://www.jornalluzilandia.com.br
Luzilândia Luzilândia e o Norte http://www.luzilandiaeonorte.com.br/
Luzilândia Luzilândia na Mídia http://www.luzilandianamidia.com/
Luzilândia Luzilândia Net https://luzilandiapiaui.com.br/
Luzilândia Luzilândia Online http://www.luzilandiaonline.com.br/
Luzilândia Norte Piauí https://www.nortepiaui.com/
Luzilândia Rio Parnaíba https://rioparnaiba.com/
Matias Olímpio Matiense https://portalmatiense.com/
Pedro II FM Imperial https://www.fmimperial.com.br
Pedro II Gritador http://gritador.com.br
Pedro II Guia P2 https://www.guiap2.com.br/
Pedro II Matões http://www.matoesfm.com.br/
Piracuruca Mais Piracuruca https://www.maispiracuruca.com.br
Piracuruca Piracuruca News https://www.piracurucanews.com/
Piracuruca Piracuruca Notas/Notícias http://piracurucanotasenoticias.blogspot.com/
Piripiri Clique Piripiri https://cliquepiripiri.com.br/
Piripiri Mais Piripiri http://maispiripiri.com.br
Piripiri Nordeste News https://www.portalnordestenews.com/
Piripiri Piripiri Acontece https://piripiriacontece.com.br/
Piripiri Piripiri Repórter http://piripirireporter.com/
Piripiri Piripiri 40 Graus http://www.piripiri40graus.com
Piripiri Repórter 10 https://www.reporter10.com.br/
Piripiri Sem Fronteiras http://www.portalsemfronteiras.com.br/
Piripiri Voz do Piauí https://vozdopiaui.com/

O Território Entre Rios5 faz parte da macrorregião Meio Norte, com 19.816 quilômetros quadrados (7,64% do território piauiense). É o mais populoso, o mais rico e é inspirado pela capital do estado, Teresina (que converge junto com sua região metropolitana mais de 35% dos habitantes do estado). Tem forte presença populacional devido à Grande Teresina e municípios-polo como Água Branca, Amarante, Regeneração e União. Nesse território, de 31 cidades, 12 têm veículos locais webjornalísticos e outros 19 não têm. O Entre Rios converge, ao menos, dois terços dos sites que têm influência webjornalística estadual, responsáveis pela inspiração e por fornecimento de notícias sobre Teresina e o restante do Piauí. A maioria desses grandes é diretamente ligada a grupos comunicacionais detentores também de emissoras de TV, emissoras de rádio e/ou jornais impressos.

Foram encontrados no Entre Rios 65 sites (a maioria na capital), listados a seguir:

[Tabela 5] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Entre Rios no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Agricolândia Agricolândia News http://www.agricolandianews.com.br/
Água Branca Agora Piauí https://agorapiaui.com/
Água Branca Canal 121 https://www.canal121.com.br/
Água Branca M Piauí https://mpiaui.com.br/
Água Branca Notícia Diária https://noticiadiaria.com.br/
Água Branca O Guia http://portaloguia.com.br
Altos Altos Notícia http://www.altosnoticia.com.br/
Altos Portal Altos http://portalaltos.com.br
Altos Portal O Jornal http://www.portalojornal.com.br/
Amarante C7 https://www.portalc7.com.br/
Amarante Somos Notícia https://somosnoticia.com.br
José de Freitas JF News http://www.jfnews.com.br/
José de Freitas Saraiva Repórter http://www.saraivareporter.com/
José de Freitas Realidade em Foco https://realidadeemfoco.com.br
José de Freitas Revista Opinião http://www.revistaopiniao.com/
Lagoinha do Piauí Lagoinha Notícia https://www.lagoinhanoticia.com.br/
Miguel Alves Assis Dutra https://assisdutrablog.wordpress.com/
Miguel Alves Portal Miguel Alves http://www.portalmiguelalves.com
Palmeirais Notícias de Palmeirais http://noticiasdepalmeirais.blogspot.com/
Pau D´Arco do Piauí Portal Pau D´Arco https://portalpaudarco.comunidades.net/
São Pedro do Piauí Tribuna 316 https://www.tribuna316.com/
Teresina 180 Graus https://180graus.com/
Teresina 45 Graus https://www.45graus.com.br/
Teresina Acesse Piauí https://www.acessepiaui.com.br/
Teresina AZ https://www.portalaz.com.br/
Teresina BSM https://www.bsmnoticias.com.br/
Teresina Carta Piauí https://cartapiaui.com.br/
Teresina Cidade Verde https://www.cidadeverde.com
Teresina Clube Notícias https://www.clubenoticias.com/
Teresina Diário Piauí https://www.diariopiaui.com/
Teresina Douglas Cordeiro https://www.douglascordeiro.com/
Teresina Eita Glória https://www.eitagloria.com.br/
Teresina Estado Piauí http://www.estadopiaui.com/
Teresina Encarando http://encarando.com/
Teresina Fala Nordeste https://portalfalanordeste.com/
Teresina Fala Piauí https://www.falapiaui.com/
Teresina G1 Piauí https://g1.globo.com/pi/piaui/
Teresina GP1 https://www.gp1.com.br/
Teresina JT News https://www.jtnews.com.br
Teresina Manchete Piauí http://manchetepiaui.com.br/
Teresina Meio Norte https://www.meionorte.com/
Teresina News Piauí https://www.newspiaui.com/
Teresina O Âncora https://www.portaloancora.com.br/
Teresina O Dia https://www.portalodia.com/
Teresina O Estado https://portaloestado.com.br/
Teresina O Sol http://portalosol.com.br/
Teresina Oito Meia http://www.oitomeia.com.br/
Teresina Parlamento Piauí https://www.parlamentopiaui.com.br/
Teresina P8 https://www.portalp8.com.br/
Teresina Pauta Judicial https://www.pautajudicial.com.br/
Teresina Pensar Piauí https://pensarpiaui.com/
Teresina Piauí Hoje https://piauihoje.com/
Teresina R10 https://www.portalr10.com/
Teresina Rede Piauí de Notícias https://redepiaui.com/
Teresina RG https://www.portalrg.com.br/
Teresina Rota 343 https://www.rota343.com/
Teresina Teresina Diário http://www.teresinadiario.com/
Teresina TV Nils http://tvnils.com.br/
Teresina Varada https://portalvarada.com/
Teresina Veneno http://portalveneno.com.br/
Teresina Verdes Campos Sat https://www.tvverdescampossat.com/
Teresina Vi Agora https://www.viagora.com.br/
União Clique União https://cliqueuniao.com.br/
União Portal de União https://portaldeuniao.com.br/

O território Planície Litorânea6 faz parte da macrorregião Litoral, com 6.325 quilômetros quadrados (2,44% do território piauiense) e é capitaneado pela segunda maior cidade do estado, Parnaíba. Dos 11 municípios do território, sete têm sites noticiosos próprios e quatro não têm, com um total de 25 meios de comunicação online. É a região piauiense com maior proporção de municípios com sites webjornalísticos, apresentados a seguir:

[Tabela 6] sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Planície Litorânea no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Bom Princípio Direto de Bom Princípio http://diretodebomprincipio.blogspot.com/
Buriti dos Lopes Boca do Povo https://www.portalbocadopovo.com/
Buriti dos Lopes Buritiense https://www.portalburitiense.com.br/
Cajueiro da Praia Barra Grande News https://barragrandenews.com.br/
Cocal Cocal Notícias http://cocalnoticias.blogspot.com/
Cocal Coveiro http://www.blogdocoveiro.com.br/
Cocal Tropical http://www.tropicalnoticias.com/
Ilha Grande Jornal da Ilha Grande https://www.jornaldailhagrande.com.br/
Ilha Grande Voz de Ilha Grande http://vozdeilhagrande.blogspot.com/
Luís Correia Blog Luís Correia https://www.blogluiscorreia.com/
Luís Correia Gil Veras http://gilveras.blogspot.com/
Luís Correia Portal Luís Correia https://www.portalluiscorreia.com/
Parnaíba B. Silva https://blogdobsilva.com.br/
Parnaíba Carlson Pessoa http://carlsonpessoa.blogspot.com/
Parnaíba Catita http://portaldocatita.blogspot.com/
Parnaíba Costa Norte https://portalcostanorte.com/
Parnaíba Folha de Parnaíba https://www.folhadeparnaiba.com.br/
Parnaíba Giro de Notícias Parnaíba https://girodenoticiasparnaiba.com.br/
Parnaíba Jornal da Parnaíba http://www.jornaldaparnaiba.com/
Parnaíba Parnaíba em Nota https://www.phbemnota.com/
Parnaíba Parnaíba no Foco http://portalparnaibanofoco.blogspot.com/
Parnaíba Piauí Em Dia http://piauiemdia.com.br/
Parnaíba Plantão Parnaíba 24 Horas http://www.plantaoparnaiba24horas.com.br/
Parnaíba Portal Parnaíba Informa https://portalparnaibainforma.blogspot.com/
Parnaíba Tribuna de Parnaíba https://www.tribunadeparnaiba.com/

Já o território Serra da Capivara7 faz parte da macrorregião Semiárido, com 25.465 quilômetros quadrados (9,82% do território piauiense). É capitaneado pelos municípios de São Raimundo Nonato e São João do Piauí, justamente os únicos dois, de 18, a terem sites webjornalísticos locais, com um total de oito, mostrando ser o território com menor proporcionalidade municipal.

[Tabela 7] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Planície Litorânea no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
São João do Piauí Mandacaru https://www.portalmandacaru.com.br/
São João do Piauí Portal Sanjoanense https://www.portalsanjoanense.com.br/
São João do Piauí SJ News https://sjnews.com.br/
São João do Piauí WD Notícias http://wdnoticias.com/
São Raimundo Nonato O Sertão https://portalosertao.com/
São Raimundo Nonato São Raimundo https://www.saoraimundo.com/
São Raimundo Nonato SRN https://portalsrn.com.br/
São Raimundo Nonato Veja SRN https://www.vejasrn.com.br/

Por seguinte o território Tabuleiros do Alto Parnaíba8 faz parte da macrorregião Cerrados, com 34.550 quilômetros quadrados (13,33% do território piauiense). Tem 12 municípios, sendo capitaneados pelas cidades de Uruçuí e Guadalupe. Desses municípios, três têm sites locais e nove não tem. No território todo há oito sites que se consideram webjornalísticos, apresentados a seguir:

[Tabela 8] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Tabuleiros do Alto Parnaíba no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Baixa Grande do Ribeiro Baixa Grande News https://www.baixagrandenews.com.br
Guadalupe Cidade Luz https://portalcidadeluz.com.br/
Guadalupe Francinaldo Portal http://www.francinaldopublicidades.com/
Guadalupe Guadalupe Agora https://guadalupeagora.blogspot.com/
Uruçuí Cobra Choca https://cobrachoca.com/
Uruçuí Notícias de Uruçuí http://www.noticiasdeurucui.com.br/
Uruçuí Portal de Uruçuí https://www.portaldeurucui.com/
Uruçuí Uruçuí News https://www.urucuinews.com.br/

Já o território Vale do Canindé9 faz parte da macrorregião Semiárido, com 14.290 quilômetros quadrados (5,51% do território piauiense), capitaneado pela cidade de Oeiras (a mais antiga do Piauí). Tem 17 municípios. Desses, seis têm sites, e 11, não. Foram encontrados os seguintes dez meios webjornalísticos:

[Tabela 9] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Vale do Danindé no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Bela Vista do Piauí Jatobá dos Coelhos https://radiojatobadoscoelhosfm87.com/
Oeiras Folha de Oeiras http://folhadeoeiras.com/
Oeiras Mais Oeiras https://maisoeiras.com.br/
Oeiras Mural da Vila https://www.muraldavila.com.br/
Oeiras Oeiras em Foco https://www.oeirasemfoco.com.br/
Oeiras Portal Integração https://portalintegracao.com.br/
Santa Rosa do Piauí Santa Rosa Hoje https://www.santarosahoje.com.br/
Santo Inácio do Piauí Santo Inácio News https://www.santoinacionews.com.br/
São Francisco de Assis do PI SFNotíciasNet https://sfnoticiasnet.com.br/
Tanque do Piauí Chapada Grande https://chapadagrande.com/

O território Vale do Guaribas10 faz parte da macrorregião Semiárido, com 10.586 quilômetros quadrados (4,08% do território piauiense) e é capitaneado pela cidade de Picos (a única de todo o interior piauiense a oferecer cursos de graduação superior em Jornalismo), com influências regionais da cidade de Fronteiras. Dos 23 municípios, sete têm sites webjornalísticos e 16, não. Foram encontrados 21 meios de comunicação dessa categoria:

[Tabela 10] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Vale do Guaribas no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Fronteiras Fronteiras OnLine http://fronteirasonline.blogspot.com/
Fronteiras Lagoa do Rato http://www.lagoadorato.com/
Picos Agora ED http://agoraed.com
Picos Cidade Modelo https://portalcidademodelo.com/
Picos Conexão Piauí https://www.conexaopiaui.com/
Picos Firme https://firme.com.br/
Picos Folha Atual http://folhaatual.com.br
Picos Grande Picos https://grandepicos.com.br/
Picos Informa Picos http://informapicos.com.br/
Picos Jornal de Picos http://jornaldepicos.com.br
Picos Piauí 24 Horas http://www.piaui24horas.com.br/
Picos Pontal Piauí https://www.pontalpiaui.com/
Picos Picos 40 Graus http://www.picos40graus.com.br
Picos O Povo http://portalopovo.com.br
Picos Riachão Net https://www.riachaonet.com.br
Pio IX Região Notícias https://www.regiaonoticias.com.br/
Santana do Piauí Santana Hoje http://santanahoje.com.br/
São João da Canabrava Canabrava News https://www.canabravanews.com/
São Julião É Notícias https://www.portalenoticias.com.br/
São Julião Notícias em Primeira Mão https://portalnpm.com.br/
Vila Nova do Piauí Vila Nova Notícias https://www.portalvilanovanoticias.com/

Enquanto isso o território Vale do Sambito11 faz parte da macrorregião Semiárido, com 14.272 quilômetros quadrados (5,51% do território piauiense). É capitaneado pela cidade de Valença do Piauí e tem influência regional da cidade de Elesbão Veloso, contando com 15 municípios e dez sites webjornalísticos. Um terço das cidades, com número de cinco, têm meios locais de comunicação webjornalístico, e dois terços, com número de dez, não têm, sendo listados a seguir:

[Tabela 11] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território do Vale do Sambito no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Aroazes Aroazes News http://aroazesnews.com/
Barra D´Alcântara Barra D´Alcântara News https://www.blogdoleandrosantos.com/
Elesbão Veloso Elesbão News https://www.elesbaonews.com/
Lagoa do Sítio Lagoa On Line https://portallagoaonline.com/
Valença do Piauí Diário do Sambito http://www.diariodosambito.com.br/
Valença do Piauí Grande Rede http://www.portalgranderede.com.br/
Valença do Piauí Tribuna de Valença http://tribunadevalenca.com/
Valença do Piauí V1 https://portalv1.com.br/
Valença do Piauí Valença News https://www.portalvalencanews.com.br/
Valença do Piauí Valença Online https://valencaonline.com/

Finalmente, o território Vale dos Rios Piauí e Itaueira12 faz parte da macrorregião Cerrados, com 27.293 quilômetros quadrados (10,53% do território piauiense). É capitaneado pela cidade de Floriano (a mais importante do Oeste do Piauí), também com forte influência regional de Canto do Buriti. O território tem 19 cidades. Dessas, somente três têm meios webjornalísticos locais. Outras 16 não tem. São listados os seguintes meios nesse território:

[Tabela 12] Sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) do território Vale dos Rios Piauí e Itaueira no Piauí

Nome da cidade Nome do site Endereço
Canto do Buriti Canto do Buriti Notícias http://portalcantodoburitinoticias.blogspot.com/
Floriano Floriano News https://www.florianonews.com/
Floriano JC 24 Horas https://jc24horas.com.br/
Floriano Piauí Notícias https://piauinoticias.com/
Floriano Repórter Amarelinho http://www.reporteramarelinho.com.br/
Paes Landim Paes Landim Notícias https://paeslandimnoticias.blogspot.com/

5.Qual o perfil do webjornalismo do Piauí?

Em termos gerais o perfil do webjornalismo do Piauí está para um misto entre webjornalismo e jornalismo na Internet, ao menos no que foi discutido conceitualmente. No sentido empírico há no estado um fenômeno diferencial e cada vez mais regionalizado: a transmutação de conteúdo de um site para o outro ou de vários para outros, prejudicando-se a própria rotina produtiva de multiplicidade de assuntos jornalísticos. Encontra-se a mesma informação, com iguais fontes, textos, fotografias e vídeos (quase sempre públicas ou de assessorias de comunicação), com as mesmas falas e versões, quase que simultaneamente, em dezenas de sites. Esse é um grande ponto para quem produz material para as assessorias e preocupante para quem preza pela multiplicidade de fatos, seus contraditórios e pluralidade de informações.

Ao menos nos sites estudados, é quase que comum e plenamente autorizado essa transposição, principalmente nos das cidades médias e menores. Em outro trabalho de nossa autoria vemos que essa autorização termina sendo tácita porque, de uma forma ou de outra, as notícias terminam sendo copiadas e reproduzidas fidedignamente pelos concorrentes.

No Piauí a estratégia dos que produzem prioristicamente o material, principalmente os sites ligados a conglomerados de informação (quase todos sediados na capital) é autorizar a cópia, ou fazer vistas grossas, desde que o copiado seja creditado ao site original. Ao menos metade dos sites do estado, exclusivamente adota essa prática, que caracteriza jornalismo na Internet, ou, reprodução, pura e simples de materiais dos concorrentes.

Somente os assuntos locais, notadamente dos sites que são únicos nas cidades menores, é que essa prática não é tão banalizada, ao menos localmente. Na maioria dos municípios em que há mais de um meio virtual a prática também é notada e feita. Os concorrentes trocam constantemente a cópia de conteúdos.

Essa prática de não mudar nenhuma linha, caracterizando o que, jornalisticamente é conhecido por gillette press (ou o hábito de fazer Ctrl C + Ctrl V ou de copiar e colar) já era bem refletido, e tido como perigoso, por Ortriwano (2002) no início deste século. Paradoxalmente, mesmo com o aumento do número de canais webjornalísticos e também de maiores possibilidades de apuração, o hábito tornou-se mais comum, em vez de ser auto-condenado pelos produtores de informação. Nota-se que a prática é condenada em muitos dos comentários das matérias nos sites e nas redes sociais. A explicação mora na questão do fetiche da velocidade, como aponta Moretzsohn (2002), dos meios darem a informação em “primeira mão”, concorrência pouco levada em conta pelo consumidor da informação e mais capitaneado por disputas sem nexo apenas para sanar egos dos que fazem os sites.

Um ponto a ser levado em conta termina sendo a própria razão jornalística dos meios. Se existem mais para a produção informacional, com os mesmos fundos webjornalísticos como vimos em Primo & Träsel (2006), Nunes (2016), Machado (2006), Canavilhas (2014), Souza (2019), Ferrari (2016), Santi (2009) e Barbosa (2013), no sentido de que a profusão da notícia a participação dos usuários, ou se são meios de simples reprodução de releases.

Por isso, questiona-se, inclusive a título provocativo para os próprios sites e para a Academia: adianta ter tantas vozes, com tantas regionalizações, se essas vozes ecoam para o mesmo lado ou se esses ecos são sempre iguais?

Uma das respostas a esse questionamento já antecipamos. Os sites, em sua grande maioria, são empresas como qualquer outra e precisam se manter e viabilizar financeiramente. Ao menos a grande maioria dos sites do interior piauiense são “eupresas”, meios de comunicação de uma única pessoa, ou, quase sempre de família ou grupos de amigos, devotados pela tentativa de terem um meio próprio e, no caso, reboque para suas sobrevivências, como foi trazido por Berti (2020). Por isso, quase sempre, a qualidade e o próprio compromisso jornalístico são deixados de lado, apesar dos prementes e notados esforços. É outro ponto que cabe a Academia no sentido de promover reflexões sobre essas práticas e ainda da promoção de cursos rápidos de qualificação aos que ainda não têm visão jornalística necessária de seus meios.

Nota-se que utilizaremos o termo webjornalismo para todos mais por uma questão dos próprios agentes de comunicação desses meios considerarem seus trabalhos nessa interface e também da maioria dizer que o faz em suas descrições.

Os dados, em termos de números, nos fazem chegar aos seguintes resultados, para começarmos a ter o perfil do webjornalismo no Piauí:

[Tabela 13] Panorama geral dos sites jornalísticos (ou que se consideram jornalísticos) em todos os territórios de desenvolvimento do Piauí, número de sites, cidades abrangidas e não abrangidas

Nome do território de desenvolvimento Nº de cidades Total de sites de notícias Nº de cidades com sites de notícias Nº de cidades sem sites de notícias
Carnaubais 16 14 5 11
Chapada das Mangabeiras 24 10 5 19
Chapada Vale do Rio Itaim 16 15 8 8
Cocais 22 36 8 14
Entre Rios 31 65 12 19
Planície Litorânea 11 25 7 4
Serra da Capivara 18 8 2 16
Tabuleiros do Alto Parnaíba 12 8 3 9
Vale do Canindé 17 10 6 11
Vale do Guaribas 23 21 7 16
Vale do Sambito 15 10 5 10
Vale dos Rios Piauí e Itaueira 19 6 3 16
Total 224 228 71 153

Os dados mostram que nas 224 cidades do Piauí foram encontrados 228 sites que se consideram jornalísticos.

Ou seja, existe a média de, ao menos, um site por município. Alguns se consideram portais, outros sites e alguns páginas e a minoria, blogs, apesar de atuarem como sites. Em termos de sedes vemos que em 71 cidades do Piauí (menos de um terço, na exatidão de 31,7%) sediam sites. Dessas, ao menos metade, são grandes polos regionais, notadamente econômicos e políticos.

Praticamente em todos os exemplos são nas cidades mais importantes dos territórios de desenvolvimento do Piauí que ocorrem as maiores emissões webjornalísticas de conteúdo. Esse fenômeno é dado não só pela profusão de notícias, mas também por questões comerciais e do próprio público consumidor de informações. Vários desses sites nasceram em cidades pequenas, mas migraram para os polos regionais.

Nota-se que as 153 cidades (ou 68,3% do total) do Piauí que não têm sites webjornalísticos são, em quase sua totalidade, municípios com menos de 10.000 habitantes e, geralmente, influenciados economicamente por outros municípios nas cercanias.

É fato que nenhuma cidade do Piauí é webjornalisticamente descoberta. Ao menos dez sites da capital e dez sites do interior têm seções exclusivas destinadas a todos os municípios. Alguns deles trabalham com as questões dos correspondentes, quase a totalidade deles ainda interligados ao método tradicional (registrado desde os primórdios do webjornalismo no estado) de serem membros de administrações públicas.

É claro que quem vive a prática do dia da informação, principalmente em condições muitas vezes com problemas de acesso à Internet de qualidade, a equipamentos modernos de filmagem e fotografia, depende cada vez mais de assessorias do gillette press e de informações circundantes por redes sociais, notadamente o Whatsapp. O desafio e interface desse perfil é haver uma maior concentração de sites verdadeiramente jornalísticos, inclusive para o cumprimento da função social da informação, mediar os fatos e deixar para os consumidores da informação julgarem.

Muito dessa profusão de empresas foi dada, principalmente, pela própria liberdade alcançada pelos pioneiros e maneira diferencial de trazer a notícia.

Referências

Barbosa, S. (2013). Jornalismo convergente e continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. Em Canavilhas, J. (org.), Notícias e mobilidade. Covilhã: Labcom.

Berti, O. M. C. (2020). Webjornalismo no Piauí. Teresina: EdUESPI.

Berti, O. M. C., & Silva, A. P. (2020). Faces e interfaces do webjornalismo no Piauí. (no prelo).

Canavilhas, J. (2014). Novas arquiteturas noticiosas. Em Canavilhas, J. (org), Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã: Labcom.

Ferrari, P. (2016). Comunicação digital na era da participação. Porto Alegre: Fi.

Google. (2020) Dados sobre sites jornalísticos na Internet do Piauí. Recuperado entre 01 abril, 2020 e 10 maio, 2020, de http://www.google.com.br

Machado, E. (2006). Jornalismo digital em base de dados. Florianópolis: Calandra.

Mielniczuk, L. (2003). Jornalismo na Web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.

Moretzsohn, S. (2002). O fetiche da velocidade. Rio de Janeiro: Revan.

Nunes, A. C. B. (2016). Jornalismo digital de quinta geração: as publicações para tablets em diálogo com o desenvolvimento da web. Revista Alceu, 33 (17), 19-39.

Ortriwano, G. S. (2002). Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de história. Revista USP, 56 (1), 66-85.

Piauí. (2007) Lei Complementar Nº 87 de 22/08/2007. Estabelece o Planejamento Participativo Territorial para o Desenvolvimento Sustentável do Estado do Piauí e dá outras providências. Recuperado em 11 abril, 2020, de http://legislacao.pi.gov.br/legislacao/default/ato/13144

Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento. (2020). Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Recuperado em 10 maio, 2020, de http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/consulta

Primo, A., & Träsel, M. (2006). Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Revista Contracampo, 14, 37-56.

Santi, V. J. C. (2009). O processo de apuração no webjornalismo de quarta geração. Revista EcoPós, 12 (3), 181-194.

Secretaria de Planejamento do Piauí. (2020). Territórios de desenvolvimento do Piauí – Mapa de potencialidades. Recuperado em 5 maio, 2020, de http://www.seplan.pi.gov.br/mapa_abril19.pdf

Souza, S. M. B. (2019). Redes sociais e webjornalismo hiperlocal: identificação e análise de perfis dos veículos on-line tocantinenses. Em Rocha, L. V., & Soares, S. R. (orgs.), Comunicação, jornalismo e transformações convergentes. Palmas: EDUFT.

Orlando Maurício de Carvalho Berti berti@uespi.br

Professor, pesquisador e extensionista na área de Tecnologias Atuais na Universidade Estadual do Piauí (Teresina-PI). Pós-doutor em Comunicação, Região e Cidadania pela Universidade Metodista de São Paulo. Doutor e mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Jornalista.